Amanhã começa a II Conf de Promoção do Bem-Estar Digital. Organizada por Tito Morais e Cristiane Miranda, traz temas como a "prevenção e combate ao uso excessivo e problemático dos ecrãs e à violência sexual online contra crianças e jovens".
https://bemestardigital.pt/conferencia/
Os organizadores têm-se empenhado recentemente na promoção de legislação anti-privacidade na União Europeia, argumentando que a encriptação compromete a segurança de crianças e jovens.
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A D3 faz parte de uma campanha europeia que denuncia o uso oportunista da segurança infantil para avançar uma agenda autoritária e securitária que visa acabar com a comunicação privada, comprometendo (aqui sim) a segurança de crianças e jovens.
https://chatcontrol.pt
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A conferência terá um keynote sobre encriptação por John Carr, um conhecido crítico da privacidade online e uma das principais figuras a defender o fim das comunicações privadas. Encontramos também a PJ, que tem tido um papel activo na campanha pelo fim da privacidade online.
Esta iniciativa para acabar com a encriptação tem sido notória por estranhos conflitos de interesses, campanhas ilegais e condenação generalizada pelos próprios órgãos da União Europeia. (ver fio anterior, publicado hoje).
Agora importa também perguntar: fala-se dos jovens estarem agarrados à net, mas quem os está a agarrar? Quais são as empresas que usam tácticas de viciação, desenvolvidas por departamentos com milhares de designers, engenheiros e especialistas dedicados a colar-nos às apps?
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Aqui tem de se falar do TikTok, famoso pelo seu "algoritmo" que mantém as pessoas coladas. A UE acaba de abrir investigação ao seu "TikTok Lite", que dá recompensas às pessoas por verem vídeos, por receio de que as possa viciar ainda mais.
https://techcrunch.com/2024/04/22/tiktok-lite-dsa-probe/
É por isso notável e revelador encontrar o TikTok na lista de patrocinadores da conferência do Bem-Estar Digital.
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Uma representante do TikTok terá direito a um momento de destaque na conf. para apresentar “a sua abordagem abrangente à segurança dos jovens, destacando características estratégicas e parcerias colaborativas destinadas a cultivar um ambiente seguro para os jovens utilizadores”.
Esperar-se-ia que uma conferência dedicada a um tema tão importante não se sujeitasse a ser palco para as grandes empresas poderem lavar a sua imagem, desviando as atenções dos verdadeiros problemas que enfrentamos.
Finalmente, a segurança dos nossos filhos é um tema que tem de ser abordado de forma honesta e construtiva, e não apenas servindo como pretexto oportunista para desfazer o direito à privacidade individual.
Continuaremos atentos.
5/
@d3 Isto é como promover uma conferência sobre os Perigos do Alcoolismo, com o alto patrocínio de uma marca de Gin.